Quando os meus filhos eram pequenos eu ia para a praia de Cascais com eles, mais especificamente para a praia da Rainha. Era uma praia pequena com água límpida e transparente (infelizmente hoje em dia não é assim) e eu via-os de um lado ao outro. Não me conseguia deitar na toalha para não os perder de vista, ou se me deitava era sempre virada para eles, mas nunca dormia nem por um se...
gundo. No Dominho estive na praia de Oeiras. Das 3 ás 7 e picos da tarde. Conheci a Matilde, 7 anos, da Graça. Menina linda, franzina, lourinha, com um sorriso aberto. A Matilde veio para o pé de nós, que estávamos a escavar na areia com a minha enteada. Posso brincar? Claro! E do brincar ao falar ela ficou ali connnosco, toda a tarde. Ia para a água, brincava e saltava... Alegre. Perguntámos pela mãe, porque ela andáva na água como uma sereia e sózinha. A mãe? Estava deitada por baixo do sítio onde estavam os nadadores salvadores. Porque não tinham trazido chapéu... A dita senhora esteve sempre deitada de barriga para baixo, ao sol, e nunca, nunca se virou para ver a filha. Nunca! Nós fartámo-nos de olhar e comentámos. Que simples era levar uma criança daquelas. Sózinha sem ninguém a olhar para ela. Lembrei-me da Maddie! e de tantas crianças desaparecidas! Com palavras falsas, enganadoras, alguém a podia levar! Podia ficar na água do mar... E sózinha! Sempre sózinha! Ao fim do dia quando me vinha embora chegou o pai. Foi ter com ela. E a Matilde lá foi, depois da tarde toda sózinha. Na Segunda feira fomos novamente um pouco à tarde. Estávamos a limpar-nos quando vi a Matilde com o pai. Ia embora e a despedir-se de mais uma família. Com quem provavelmente passou o dia... Chamei por ela mas ela não ouviu. Ia a saltitar. Pequena, franzina e com olhos cor de amêndoa... Que Deus guarde estas Matildes inocentes, de predadores horrendos e que Deus Dê um pouco de descernimento a mães, que em vez de olharem pelos filhos, receando que algo aconteça deixam mesmo acontecer e depois de se queixam de que não sabem porquê e como aconteceu... Para ti Matilde, da Graça, 7 anos de idade, um aperto muito, muito grande do fundo do coração....
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